Revolução Russa
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Como as influências e convivências de fatos históricos de uma época fizeram com que Santos Dumont pudesse ser reconhecido como o grande inventor aeronáutico, conquistando a dirigibilidade e o voo autônomo de um aparelho mais pesado que o ar?
Ernest Archdeacon já dizia: “que o mais difícil era os 60 metros que o brasileiro Alberto Santos Dumont, havia conquistado”.
Já no século XV Leonardo da Vinci, observava e pensava teoricamente os voos dos pássaros, e sendo suas anotações referencias notável.
Nos séculos seguintes teriam surgidos pioneiros que teriam construído muitas maquinas voadoras de sucesso nunca comprovadas e menos ainda repetidas, foi no século XIX, que as experiências tiveram maiores fundamento teóricos e práticos, os planadores sem motor, modelos motorizados, mas sem pilotos, experiências de voos mecânicos tripulados, traziam já a idéia do voo mecânico do mais pesado que o ar, entre o meio cientifico e aeronáutico da época. Muitos cientistas e aeronáutica diziam impossível e sem solução o problema do mais pesado que o ar, além de se viver em uma era de planadores como os aparelhos de Vosin, Bleriot, Farman, Tarjan Vuia, Ferber, Chavuete, Tatin e clemente Ader, e Langley que construirá um novo principio de aeronáutica.
Os planadores já voavam com êxito desde 1804 depois das experiências do inglês George Cayley seguidos por Le Bris 1857, e Mouillard, em 1865. Os irmãos Otto e Gustav Lilienthal chegaram a construir e se atirar varias vezes do alto da colina chegado a voar mais de 300 metros até que em 9 de agosto de 1896, Otto sofreu com um de seus aparelhos um acidente fatal, antes que pudesse instalar neles um motor.
O inglês Stringfellow em 1857 chegou a realizar experiências com modelos motorizados, porém sem muito sucesso, Samuel Langley, além de construir modelos também ensaiou os voos tripulado em aparelhos de Crofton Moat, Lord Chichester, Hiram Maxim e outros, além de ter contado com financiamento americano para construção de um aeroplano para ser lançado de uma plataforma flutuante, após os testes de 7 e 8 de outubro de 1903, o aparelho parou na ocasião dentro do rio sem sucesso.
O inglês Clement Ader, também teve financiamento governamental construiu um aparelho em 1890 denominado de Eóle, que tinham características parecidas com asas de morcegos e em 1897 um denominado Avion (cunhando a denominações dos aviões.), ambos sem êxitos.
Em 1903 os irmãos Wilbur e Orville Wright fabricantes de bicicletas adaptaram em seu planador flyer III um motor de 12 HP lançado contra um vento de 40 km\h teria percorrido no ar 36 metros em 12 segundos de vôo, evento reportado até mesmo por eles próprios e divulgado anos mais tarde.
Também existia obras teóricas sobre o assunto como L’Empire des airs de Louis Pierre Mouillard, Théorie du vol, de Alphonse Penaud, de 1872 além de o voo do pássaro como base do voo artificial de Otto Lilienthal, Experiments in aerodynamics de Samuel Langley, progress in flying Machines, de Octave Chanute e os trabalhos do australiano Lawrence Hargraves sobre aerodinâmica das pipas.
Diante de tanta evidencia e o grande crescimento no assunto e uma vasta troca de informação entre aqueles que queriam intensamente fazer um aparelho mais pesado que ar por seus próprios meios levantar voo, faziam de Paris o cenário aeronáutico, e no aeroclube da frança estavam aqueles que buscavam transformar em realidade, com fervor e entusiasmo todas as experiências e teoria, ali estavam os que mais tarde seriam os pioneiros da aviação.
Em agosto de 1904 Santos Dumont escrevia o Dans l’air, onde descrevendo a trajetória do desenvolvimento dos balões projetados por ele, fazia previsões gloriosas tantos em aplicações civis quanto militares. Mas nada disso significava que ele não estava atento ao problema do mais pesado que o ar, em fins de 1904 começa a tratar o assunto de uma maneira exploratória.
A revista Je Sais tout na edição de 15 de fevereiro de 1905 publicou um artigo de Santos Dumont onde ele descrevia como via a evolução dos dirigíveis os vendo como grandes iates voadores, além de considerar não apenas possível mais provável o desenvolvimento dos aeroplanos motorizados, mais pesados que o ar.
Em março 1905, recebeu o titulo de Cavaleiro da Legião de Honra da França, e em junho do mesmo ano assistiu a um teste de um planador flutuador de Gabriel Voisin financiado por Ernest Archdeacon este bem sucedido teste de 150 metros sendo os planadores preso a uma corda por Voisin.
Três dias depois pôs o seu invento de número 14 a teste, vendo que faltava estabilidade e de difícil dirigibilidade, reprojetou o invólucro, com o balão mais curto e de maior diâmetro com 186 metros cúbicos, fez novo teste em 21 de agosto em Trouville e no dia 25 fez um grande vôo sobre a praia e o mar, mostrando estabilidade e controle.
Ainda construiu um balão esférico para participar da taça Gordon Bennet, denominado de “Les Deux ameriques”
O aeroclube da França reconhecendo os progressos dos aeronautas instituiu em 1905, um prêmio a quem conseguisse voar em um aparelho mais pesado que o ar. Este contava com uma recompensa de 1.500 francos para o aviador que conseguisse um feito de voar mais de 100 metros, em um aparelho autônomo e mais pesado que ar, além do recém presidente do aeroclube Ernest Archdeacon, que oferecia para quem fosse o primeiro a voar mais de 25 metros a quantia de 3.000 francos como prêmio.
O capitão Ferber do exercito francês, realizava experiências com planadores e mantinha contato com Chanute e os irmãos Wright, Bleriot juntou-se a Voisin na construção de um aeroplano baseado no resultado do Voisin-Archdeacon.
Santos Dumont ao assistir uma corrida de lanchas na Cotê D’Azur notou que o motor produzido por Levavassueur o antoinette era suficiente leve e potente para que eventualmente pudesse ser usado em aeroplanos.
Alberto Santos Dumont, era a figura mais popularizada de Paris e Europa, mas, no campo aeronáutico trabalhava em silencio, inovando, aperfeiçoando e fazendo diversos testes.
Inspirado nas garças brasileiras parecendo um grande pássaro branco (O a ave de rapina) e então nomeado 14bis foi assim batizado, pois em Bagatelle. Pendurava seu experimento no balão de numero 14, e depois era testado em cabos suspensos para que fosse aprimorado o equilíbrio, o manejo.
Um avião biplano baseado nas células de Hargraves as asas de seis dessas células, três de cada lado da fuselagem, formavam um diedro. Sua envergadura alcançava 12 metros e media 10 metros de comprimento. O leme, uma dessas células, foi colocada na frente, na chamada configuração cannard (pato). As superfícies eram de seda japonesa e a armação de bambu, com juntas de alumínio. O motor foi alojado entre as asas, na parte de trás, era um motor antoinette de 24 HP. Uma barquinha, igual às usadas em seus dirigíveis, foi instalada à frente do motor, onde o piloto permanecia em pé.
Quadro com a foto do 14 bis pendurando na parede da casa onde nasceu Alberto Santos Dumont na fazenda Cabangu (santos Dumont - MG)
Após, testá-lo por mais vezes sem decolar percebeu a necessidade de um motor mais potente trocou o de 24 HP por um de 50 HP com oito cilindros em V, assim após em testes no dia 13 de setembro de 1906 na presença dos membros do aeroclube e da multidão. Em sua primeira tentativa o motor não estava com os cilindros todos funcionando e resultou em fracasso após ajustes as 8h40m, uma nova tentativa fez com que o aparelho voasse pela primeira vez um inédito 13 metros a um metro do chão.
Seu feito anterior fez com que no dia 23 de outubro de 1906, mais de mil pessoas e representantes da imprensa internacional, presenciasse a conquista da taça archdeacon, oferecida ao aeronauta que conseguisse com seus próprios recuso voar e planar com um aparelho mais pesado que ar.
As 4hs Santos Dumont pediu para que todos se afastassem e deu inicio ao seu teste o 14 bis avançava pela grama ganhando cada vez mais velocidade a proa foi inclinada com suavidade e as rodas já estava no ar o aparelho voava a cerca de três metros, fez uma curva suave a esquerda e começou a descer, tocando a grama e parando novamente. Todos noticiavam o grande feito não 25, mas, 60 metros percorridos, todas as autoridades em aeronáutica reconheceram o voo do mais pesado que o ar.
14 bis levantando voo
Os jornais norte americano New York Herald estampava em suas primeiras capas “Paris assiste ao primeiro voo mecânico do mundo”.
Ainda em 1906 no dia 12 de novembro foi marcada uma nova data para que Santos Dumont concorresse ao prêmio “aeroclube da França” e desta vez não estava só, tendo como concorrente o biplano de motor Antoinette, construído por Voisin e Louis Bleriot que teve dada pelo brasileiro, a oportunidade da primazia do voo, sem que conseguisse grande êxito. E por seguinte dava inicio Alberto após algumas tentativas durante a manhã e a tarde, em seu quarto ensaio, o 14bis do brasileiro equipado com mais uma criação do inventor um estabilizador em cada extremo das asas dentro da célula de hargraves, (conhecido por ailerons que é usado inda hoje, sendo peça fundamental em aeronáutica).
As 4h45m da tarde, contra o vento o 14 bis levanta voo atingindo cerca de 6metros de altura e marcado pela cronometragem, 22 segundos e uma distancia de 220 metros conquista além do prêmio concorrido, também o primeiro recorde oficial de aviação.
A imprensa e o mundo cientifico ovacionavam o feito do brasileiro, onde todos queriam destacar o voo de um aparelho de asas e motorizado, a conquista do ar que a tanto era esperada e adiada por diversas vezes, deixava o plano dos mitos, das teorias, das frustrações e da ficção para tornar-se realidade, enfim era colocado em pratica a problemática do vôo autônomo agora todos poderiam estudar suas técnicas e aprimorar cada vez mais, este fabuloso e grandioso invento.
Santos Dumont era noticia pelo mundo a fora o mineiro de Palmyra o pequeno sonhador, o jovem estudioso e o homem que fez uma maquina mais pesada que o ar levantar voo nos céus de Paris na frança e entusiasmadamente via ali a aproximação de todos as nações. Como a frase de Charlie Chaplin proferida em seu filme (O grande ditador - 1940 ) “O avião e o rádio aproximaram-nos. A própria natureza destas invenções clama pela bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, à união de todos nós.”
Referencia bibliográficas:
CHAPLIN, Charlie. O Grande Ditador. Charlie Chaplin, Charlie Chaplin. Estados Unidos: United Artists, 1940 124min.
DUMONT, Alberto Santos. O Que Eu Vi, O Que Nós Veremos. São Paulo: Obliqpress 1918.
DUMONT, Alberto Santos. Os Meus Balões. Rio de Janeiro: Biblioteca do exercito Editora, 1973
MUSA, João Luiz; MOURÃO, Marcelo Breda; TILKIAN, Ricardo. Alberto Santos-Dumont Eu Naveguei Pelo Ar. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.